domingo, 15 de junho de 2014

Brasil necessita impulsionar economia pró-floresta

Extraído e traduzido de Nature News & comment

Por Carlos Nobre - Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil

O desmatamento da Amazônia deve parar: quando florestas são derrubadas para a agricultura, pecuária e exploração madeireira, o dano é sentido ambientalmente, economicamente e socialmente. Mas simplesmente reduzir o desmatamento não é suficiente: as estratégias de desenvolvimento sustentável também deve melhorar o bem-estar para as comunidades locais.

Infelizmente, a economia global coloca um prêmio maior em carne e soja do que em florestas. A criação de um novo modelo econômico para a floresta amazônica, portanto, deve tomar sofrer duas transformações; ambas exigem ciência.

Uma estratégia é agregar valor aos produtos colhidos localmente. Um bom exemplo de uma bioindústria é o fruto do açaí Euterpe oleracea da palmeira que cresce na Amazônia. Até cerca de 20 anos atrás, as bagas escuras eram um dos principais alimentos consumidos apenas pela população local. Hoje, o açaí é utilizado em produtos, incluindo alimentos, suplementos nutricionais, cosméticos, tinturas e óleos industriais ao redor do mundo. Produção de celulose anual superior a 200 mil toneladas, e contribui com mais de EUA $ 2 bilhões para a economia do Brasil, perdendo apenas para a carne bovina e madeira tropical.

Produtores de açaí locais podem fazer mais de US $ 1.000 por hectare de lucro anual, 5-10 vezes mais do que a partir de soja e pelo menos 15 vezes mais do que de gado. A Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - usou açaí para produzir um corante para placa bacteriana que já está pronto para uso comercial em creme dental e enxaguantes bucais.

Mais pesquisas são necessárias para identificar usos para produtos naturais novos ou conhecidos, e para aumentar a produção. Em uma ou duas décadas, deverá viabilizar o aumento da exploração de dezenas de produtos florestais.

A segunda estratégia é fazer melhor uso das grandes áreas de floresta já desmatadas - estimado em mais de 750 mil quilômetros quadrados na Amazônia brasileira - para reduzir a necessidade de desmatar ainda mais. Um programa nacional de Agricultura com baixa emissão de carbono (ABC) visa mais do que o dobro de ocupação de gado por hectare, dentro de uma década. A pesquisa de campo realizada pela Embrapa e a empresa brasileira de cosméticos Natura mostrou que as plantações de óleo de palma em pequenas propriedades pode ser integrado com outras culturas, tais como fixadores de nitrogênio, para obter rendimentos comparáveis aos de plantações em grande escala.

Ambas estas transformações exigem educar as populações rurais e urbanas a mudar seus caminhos. Programas técnicos para aumentar a produtividade agrícola deve atingir centenas de milhares de agricultores. Populações tradicionais isoladas vão precisar de ajuda para segar valor da colheita e venda de produtos da biodiversidade. Além disso, vai contar com a comunicação moderna - um novo satélite de telecomunicações de propriedade do governo está definido para iniciar as operações em 2016 para levar internet de alta velocidade para comunidades da Amazônia.

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