segunda-feira, 16 de junho de 2014

Reino Unido quer fortalecer pesquisa e desenvolvimento na Amazônia



Reino Unido quer fortalecer pesquisa e desenvolvimento na AmazôniaO mundo está de olho na Amazônia, enquanto nós...

extraído de Portal dos Purus









MANAUS – “A bioeconomia é importante para o Amazonas, para a Amazônia e para o Brasil. A ideia é identificar oportunidades para juntar esforços dos dois países com o objetivo de fortalecer a ciência e atrair o desenvolvimento e a conservação da biodiversidade e com mais conhecimento sobre ela”, declarou o botânico William Millikem, coordenador dos Reais Jardins Botânicos de Kew, um dos organizadores do Workshop Brasil-Reino Unido de Biodiveridade e Bioeconomia.

O evento, que iniciou nesta terça-feira (3) e prossegue até sexta-feira (6), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), é uma reunião entre representantes de várias instituições brasileiras e britânicas para discutir a colaboração na área de diversidade e bioeconomia no Brasil.

De acordo com Millikem, o workshop é também uma colaboração científica de pesquisa, que inclui, dentre outras ações, projetos de capacitação de estudantes e pesquisadores dos dois países, e também projetos de inovação com o setor privado. O encontro servirá ainda para identificar prioridades, assim como começar a formular propostas de projetos de colaboração entre os dois países na área de diversidade e bioeconomia.

Na opinião de Millikem, para o uso sustentável dos recursos que a floresta oferece é preciso equilíbrio entre utilização e conservação desses recursos, hoje um dos maiores desafios da região. Ele diz que há muitas plantas ainda por ser exploradas em termos alimentícios e usos medicinais. Segundo ele, o apoio que a floresta oferece ao meio ambiente, definido pelo botânico como “serviços de ecossistema”, depende da biodiversidade. “A saúde humana depende da biodiversidade aqui na Amazônia, portanto não é só identificar produtos que podem ser comercializados ou utilizados, mas, também, entender melhor como manter o meio ambiente para a saúde e o bem estar da população”.



De acordo com um dos organizadores do workshop, o pesquisador do Inpa, Niwton Leal Filho, a parceria entre Brasil e Reino Unido vem fortalecer o acordo entre os dois países que sempre mantiveram uma forte relação científica. Terá o apoio financeiro britânico do Fundo Newton, lançado em 2013, que é um fundo de amparo à pesquisa no valor de 9 milhões de libras esterlinas. O Brasil, em contrapartida, por meio das diversas Fundações de Amparo à Pesquisas (FAPs), vai participar com outros 9 milhões de libras esterlinas, durante os próximos três anos.

Leal Filho explicou que essa parceria é para apoiar pesquisas entre institutos brasileiros e ingleses em áreas prioritárias, como doenças negligenciadas, aquelas doenças que não só prevalecem em condições de pobreza como também contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade por representar importante entrave ao desenvolvimento dos países, a exemplo da dengue, malária, doença de chagas, leishmaniose e tuberculose. “Essas doenças as empresas farmacêuticas não tem interesse em desenvolver remédios porque atingem populações muito pobres”.

Ainda de acordo com Leal Filho, o Fundo Newton está sendo usado, especificamente, para este projeto, nos próximos três anos, e foi desenhado pelo Reino Unido para auxiliar os países emergentes. Dentre os países, o Brasil foi escolhido como destaque por ser um país que possui uma tradição de colaboração na área científica com o Reino Unido.

Inventários Para o botânico e ecologista britânico Sir Ghilleam Prance existem alguns pontos que ele considera fundamental para o futuro da região amazônica. Segundo ele, o inventário da região ainda não está completo. O professor afirmou que existem novas espécies a serem descobertas, e é preciso haver mais trabalho com fungos (micologia) e insetos. “Há áreas que são pouco conhecidas e têm áreas que não tem nenhuma amostra no herbário do Inpa. Vamos para uma dessas áreas para fazer um inventário para ver se são iguais em diversidade na região de Manaus”, desafiou Prance.

Para o botânico, outro ponto importante é estudar as plantas econômicas e não somente coletar e estudar a taxonomia (ciência que classifica os seres vivos). “É preciso estudar mais a genética para conhecer novas plantas, porque é preciso entender o efeito da coleção de uso e tendo mais informação genética isso vai ajudar”.

Prance disse que não existem taxonomistas suficientes na região. “Espero que tenha mais brasileiros fazendo inventários por aqui e não somente estrangeiros vindos de longe”, alfinetou o botânico.

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